Terreiro do Paço onde nos beijámos pela primeira vez, pela Baixa lisboeta onde passeámos sem nunca olhar para as horas e sem nunca perceber com o tempo passava a
correr. E pelos miradouros para contemplarmos a beleza dos mesmos. Bate forte aquela nostálgia de bons tempos. Tempos felizes em que eramos os dois contra o mundo.
Agora sou eu sozinho contra o que der e vier.
Quando os meus amigos me perguntam se estou bem, meto a fraqueza de lado e finjo que não se passa nada. Estou bem sim. Mas por dentro penso em ti e em como estarás.
Será que estás sozinha ou será que alguém agarrou a hipótese que não fui capaz e que atirei pela janela? Será que lês estas palavras que escrevo para ti ou será que já
não te dizem nada? Perguntas que nunca passarão disso mesmo: perguntas.
Não terão estes anos a teu lado sido uma mentira? Quero acreditar que não e que foste feliz comigo. Mas se o que tivemos foi real, porque nunca mais me disseste nada?
Porque eu não estou nem um pouco bem.
Lembro me do dia em que disseste que estava de partida, não da cidade, mas da minha vida. Lembro me das lágrimas que escorriam do meu rosto quando ninguem estava a
olhar. Os sonhos que nós realizariamos a longo prazo, ruidos apenas com uma frase. A frase que esperaria nunca ouvir. "Já não sinto o mesmo que sentia por ti". Entrou
como uma bala e até hoje essa ferida não sarou. E duvido que vá sarar.
Ás vezes gostava de puder acordar com amnésia. Gostava de puder te esquecer para sempre. Não porque o que tivemos foi mau, até porque adorei cada minuto a teu lado,
mas precisamente pelo contrário. As memórias foram tão boas e inesquéciveis que quando me lembro das férias a teu lado, dos beijos, dos risos fico sem saber o que fazer
e dizer. Apenas me apetece chorar.
As fotos que nós tirámos em tempos estão guardadas no meu computador e no meu telemóvel. Admito que as gosto de ver quando me sinto sozinho. Porque é tudo o que me
resta de ti. É dificil ouvir o teu nome quando não te vejo há tanto tempo
Custa me manter um sorriso ao lado dos meus amigos quando por dentro sinto tudo menos vontade de sorrir. Que motivos a vida me deu para sorrir? Nenhum. Apenas sorrio
para ser forte perante quem sempre me apoiou.
Só gostava que isto tudo não passa se de um sonho mau. Gostava de acordar desse sonho e ver te a dormir ao meu lado. Abraçava te como nunca te abraçei e não te
deixaria partir.
Diz me que isto apenas é um sonho porque eu realmente não estou nada bem.
Hugo Rosado
(30-03-018)